Onze mortos, com idades entre os dois e os 70 anos, é o novo balanço provisório das fortes chuvas que caíram entre o final da tarde de terça-feira e a madrugada de quarta-feira em Luanda, anunciou fonte dos bombeiros. A culpa, é claro, é dos portugueses.
De acordo com o Serviço Provincial de Protecção Civil e Bombeiros de Luanda, a chuva provocou a inundação de 5.773 residências e o desabamento de outras 13, deixando pelo menos 344 famílias desalojadas.
As chuvas inundaram ainda duas escolas, sete centros de saúde e uma igreja, sobretudo nos municípios do Cazenga, Cacuaco e Viana, arredores de Luanda.
As 11 vítimas mortais – mais cinco do que o balanço feito ao final da tarde de quarta-feira – registadas até ao momento pelos bombeiros aconteceram na sequência do desabamento de casas e por terem sido levadas pela correnteza das águas, além da queda de um poste de transporte de electricidade de alta tensão.
De acordo com os bombeiros, um raio atingiu a subestação da SONEF, que abastece energia eléctrica aos distritos urbanos do Cazenga, Hoji Ya Henda e Kima Kieza, o que provocou um incêndio na casa das máquinas da subestação e paralisou o seu funcionamento.
Para tentar minimizar os estragos das chuvas, estão a ser realizados trabalhos de sucção das águas, a abertura de valetas, e assistência aos sinistrados pelas comissões municipais.
No entanto, as autoridades alertam para a iminência do enchimento e transbordo de várias bacias de retenção de águas das chuvas, bem como o alagamento da maior parte de ruas secundárias e terciárias da periferia de Luanda, dificultando, pelo segundo dia consecutivo, a movimentação de pessoas e viaturas.
A época das chuvas em Angola começou em Agosto e prolonga-se até Maio, mas desde o início do ano que praticamente não chovia em Luanda.
E o culpado é…
Entendamo-nos. Tudo o que de errado se passa em Angola foi, é e será culpa dos portugueses. A independência poderia ter chegado há 500 anos mas só chegou há 41. A culpa é dos portugueses. José Eduardo dos Santos poderia ser branco, mas não é. A culpa é dos portugueses. Angola poderia ser um dos países menos corruptos do mundo, mas não é. A culpa é dos portugueses.
Em tempos recentes o Presidente da República nunca nominalmente eleito e no poder há 38 anos, José Eduardo dos Santos, considerou que a província de Luanda vivia “graves problemas decorrentes da situação complicada herdada do colonialismo, mormente no domínio das infra-estruturas e saneamento básico”.
Sua majestade o rei intervinha na abertura de uma reunião técnica, dedicada à problemática dos constrangimentos sócio-conjunturais da cidade capital, e que juntou alguns membros do Executivo e responsáveis da província em busca de fórmulas mais consentâneas para a implementação dos projectos decorrentes de programas aprovados há alguns anos.
Segundo o nosso Kim Jong-un, os 30 anos de guerra que o país viveu (por culpa dos portugueses, é claro) não permitiram a mobilização de recursos humanos e financeiros para satisfazer todas as expectativas das populações.
Para Eduardo dos Santos, os desafios são enormes, as despesas cresceram muito e, em certos casos, “superam a nossa capacidade”, daí a necessidade de recorrer-se à sabedoria no domínio da gestão parcimoniosa.
José Eduardo dos Santos disse também ser preciso trabalhar com base em prioridades “atacando os problemas essenciais”, que, por sua vez, permitam a resolução de outros, decorrentes dos eixos fundamentais.
Antes dessa reunião, no Marco Histórico “4 de Fevereiro”, no município do Cazenga, com titulares das pastas da Construção, Transportes, Planeamento e Desenvolvimento Territorial, Urbanismo e Habitação, os secretários de Estado das Águas e do Tesouro, entre outros responsáveis, o “querido líder” cumpriu uma jornada que o levou às obras de intervenção na zona conhecida como da “Lagoa de São Pedro”, na comuna do Hoji-Ya-Henda, assim com a algumas vias rodoviárias, que supostamente vão conferir melhores condições de vida às populações.
Agora, com a impressão digital de um dos seus sipaios (no caso até é filho incerto de pais portugueses) que dirige o Pravda do regime, Eduardo dos Santos mandou dizer que “no ano de 2015, de grande significado para os angolanos, a empresa lusa Mota-Engil foi contratada para reabilitar todos os passeios e ruas da cidade de Luanda”.
Até aqui tudo normal. Mas seguiu-se a reprodução do argumentário simiesco do sipaio, com o aval do Presidente: “Durante as obras, a construtora vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas. Quando nesse ano as fortes chuvas chegaram, as ruas ficaram transformadas em rios e no sítio dos esgotos abriram-se crateras que ainda hoje se vêem.”
E depois não querem que a rapaziada critique Portugal, mesmo que tenha de se descalçar pra contar até 12. Então a Mota-Engil “vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas”? Isso é coisa que se faça? A ideia seria dar razão a Eduardo dos Santos quando este fala da “situação complicada herdada do colonialismo, mormente no domínio das infra-estruturas e saneamento básico”. Mas, convenhamos, poderiam não ter vedado “com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas”.
“Com a acumulação de charcos e lixo, as condições de saúde na capital angolana degradaram-se. A cidade foi assolada por um surto de febre-amarela. A crise só foi ultrapassada com a substituição do governo provincial”, escreveu o Pravda. E escreveu muito bem, ou não estivesse a reproduzir o recado de um líder que até conseguiu pôr o Rio Kwanza a desaguar na foz e não na nascente…
É claro que para além da Mota-Engil há muitos mais culpados, todos portugueses… por culpa de Portugal. Em Abril de 2016, o Pravda, também em Editorial assinado por José Eduardo dos Santos sob o pseudónimo de José Ribeiro, criticou os “amigos da desgraça” e a “imprensa do Rossio”, referindo-se ao tratamento jornalístico em Portugal do anunciado pedido de apoio do Governo angolano ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Foi notória a forma ligeira e pretensiosa como alguma imprensa à margem do Tejo, useira e vezeira em desejar desgraça em casa alheia, saiu à rua para lançar diatribes à volta de um suposto programa de resgate económico monitorado pelo FMI, organização de que Angola é membro de pleno direito”, escreveu o pasquineiro.
“Cá dentro, a imprensa do Rossio foi secundada com o anúncio apocalíptico de bancarrota. As finanças públicas não existem mais, segundo o porta-voz da UNITA [Alcides Sakala], que é, para nossa desgraça colectiva, membro da Assembleia Nacional, um órgão de soberania que merece todo o nosso respeito”, dizia o editorialistas. Acrescente-se que, mais uma vez, a culpa é de Portugal que permitiu que UNITA existisse e que, ainda por cima, fosse considerado um movimento angolano.
“Não fosse a UNITA useira e vezeira em discursos inócuos e sem qualquer sustentação técnica, dir-se-ia que o homem perdeu completamente o Norte e agora confunde Angola com Portugal e o rio Kwanza com o Tejo, tal a sintonia com que o homem orquestra a canção do resgate e da austeridade com os amigos do Rossio”, dizia o editorial do Pravda do regime.
Com todo este cenário, é bom de ver que Portugal para se redimir de todos os seus históricos erros em relação a Angola, deve rapidamente pedir desculpas às terças, quintas e sábados e pedir perdão às segundas, quartas e sextas. Aos domingos deve tomar a hóstia que tira todos os pecados.
A bem, é claro, da Nação. Da nação do MPLA, entenda-se.
Folha 8 com Lusa
Foto de arquivo
Dos comentários que li, cerca de metade não percebeu o texto (ou não o leu, sequer…) e a ironia que ele encerra, na crítica aos governantes angolanos, tendo o autor necessidade de se explicar… há gente que de facto não sabe contar até doze!
HAHAHAHAHA não posso, por amor de Deus a culpa é de quem? Em vez de fazer o povo passar fome e andar a catar diamantes e a esbanjar á parva o dinheiro que é do POVO, viu bem do POVO e não de uma determinada ELITE DE CHULOS, Angola pode ser um dos melhores países do Mundo, mas chega de porcaria. José Eduardo dos Santos e sua Família há muito de roubam o POVO, sim ele mesmo e sua família, democracia é treta, o POVO em certos locais nem comida tem de chegue, ele que em vez de esbanjar o dinheiro aos milhares de milhões de USD e Euros, gaste para melhorar as condições do Povo Angolano que merece. Quanto ao resto é uma paródia este artigo.
Para além disso, os portugueses também são culpados na existência de Angola, se não fossem eles não existia Angola de Cabinda ao Cunene. Mas porquê que o Diogo Cão foi parar na foz do Zaire ???? Tinha tanto sítio para parar. Mas que azar do caraças.
“João” (?)
Talvez fosse bom regressar à escola primária, se é que alguma vez por lá passou. Ler e perceber não é só juntar letras. Ler e perceber não é só ler o título. Ler e perceber é, por exemplo, ter – ao menos – uma ideia do que o Folha 8 escreve desde 1995.
Orlando Castro
Com Tantas dificuldades em Luanda para o povo claro,a Filha do Presidente José Eduardo dos Santos.investe en grandes empresas,em mansões ,em festas o dinheiro que os Portugueses deixaram??O Presidente quantas mansões tem espalhas pelo mundo??Devam ter vergonha no que escrevem!!
José Pinto
Parabéns ao autor !
O titulo está 5 *
Aconselho a ler pausadamente o conteúdo do texto e a entender a mensagem do Folha 8 . Continuem com o vosso trabalho de informar o povo e o mundo e a desmascarar …… Afinal quem engana quem .
Abraço a todos os habitantes de Angola que sejam felizes , estejam atentos ao que se vái passando e informem se do que se passa no vosso pais e não se deixam enganar com promessas de políticos mafiosos , corruptos e falsos angolanos , que só querem enriquecer á custa do vosso trabalho e impostos .
Silva (?).
Será assim tão difícil ler e, sobretudo, entender o que está escrito? Francamente!
Infelizmente, pela fraca capacidade que temos de leitura e pelo baixo nivel de interpretação, colocamos defeitos onde não hà.
O que normalmente acontece, algumas pessoas se limitam simplesmente em ler o titulo de um artigo e comentam logo (criticando) sem lerem o artigo completo. Um comentarista deve saber ler e interpretar
Vocês é que têm de reconstruir a cidade , só sabem culpar
Bom texto e bem escrito! A ironia que, penso, foi propositada, está bem colocada! E, de facto, é necessário ler o texto integral, para compreender “o recado” que o autor deixa às Autoridades Angolanas!
Parabéns!
Adorei o texto. Está bem escrito e acho que as pessoas devem deixar de ler apenas títulos caso contrário os jornais de hoje em dia tinham duas paginas se tanto…de títulos, está claro.
A mim foi o título que me fez ler o texto e a ironia é realçada logo na entrada da notícia. Gostei.
José Remuge.
Um conselho: leia o texto. Cremos que está em português entendível até pelos que para contarem até 12 têm de se descalçar. Se não conseguir nós arranjamos uma tradução para a língua que melhor compreenda. Não confunda, por favor, o José Maria com a Maria José. Não nos queira passar atestados de menoridade intelectual e de matumbez antes de se ver ao espelho.
Orlando Castro
Você sabe como orquestrar o português (não é difícil), mas de jornalismo percebe pouco ou nada mesmo. E aliás, submete um jornalismo tão fraco, que ainda está no patamar de atingir o que a comunicação social na Europa faz hipocritamente que é o “politicamente correto”, e desta forma o seu diálogo é um lixo de propaganda racista.
Precisa também de aprender um pouco da história de Angola, não a de à 500 anos, mas a de à 40 para ser mais fácil assimilar a matéria.
Ressalvo e gastando o meu latim consigo, quem deu cabo de Angola e do vosso vizinho Congo-Zaire foi a demanda comunista que surgiu em toda a África e o resto do mundo.
Os comunas portugas em conjunto com os angolanos e aí há culpa de portugal, injetaram esse regime nojento que vivem hoje e que você tanto gosta e aclama.
Por isso é que Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Ruanda, Camboja etc são países muito bons de se viver. A culpa também dos portugueses seu idiota?
Abraço e regressa para a faculdade
Átila (ou seja lá quem for).
Agradecendo que se descalce para ver se consegue contar até 12 e, assim, entender o que se escreve, sempre lhe direi que se o nível dos angolanos se medisse por gente do seu quilate, você amesquinhava-nos de uma ponta à outra.
Quanto ao Jornalismo, sempre lhe direi que no meu caso (sou o responsável pelo que se escreve aqui) tenho mais de 40 anos de profissão, 18 dos quais ao serviço de um jornal da Europa: o Jornal de Notícias (Porto, Portugal). Tenho, aliás, a Carteira Profissional de Jornalista (de Portugal) com o número 925.
Você tem o direito de confundir a obra-prima do Mestre com a prima do mestre de obras. Não tente, contudo, ensinar a missa ao prior.
Orlando Castro
Acho que nem descalço a sumidade chegaria à dúzia, apre!
…há 500 anos, mas a de há 40…
Deveria pensar e ter mais cuidado com o que escreve, pois pode desencadear uma revolta do povo Angolano contra os Portugueses. Agora imagine que os Portugueses se revoltam com os Angolanos que residem em Portugal e que são tratados como pessoas civilizadas e não como os Angolanos tratam os Portugueses que trabalham e alguns já formaram familia em Angola. Quando se quer dizer mal ou julgar alguém não se fala em geral só se fala do culpado. Ninguém tem o direito de julgar todos por culpa de uma pessoa . Nem Deus que é Deus julga,Ele perdoa.
Não se julga por atacado, muito bem dito!
Tal como não se devia julgar sem se inteirar do que está a julgar, sendo certo que o título espicaça, essa foi com certeza a intenção, o artigo não deixa dúvidas acerca da mensagem.
Eu sou Português como voçês já foram. Desculpa lá mas eu não fiz nada. rsrsrs 🙂
Caro João Batista.
Um livro, por exemplo, vale pelo seu conteúdo e não pelo título. Respeitando e aceitando a sua opinião, sempre lhe dizemos que a ideia deste título foi mesmo levar as pessoas a reagirem mas, sobretudo, a lerem (e entenderem, se possível) o texto. Como se vê… até resultou.
Muito obrigado.
O titulo desta noticia é inqualificável. Apesar do conteúdo da noticia ser esclarecedora, a verdade é que o titulo, visto pela maior parte do povo de relance, pode levar a reacções da população contra os portugueses.
O jornalista foi muito infeliz ao colocar este titulo.
Mota engil angola nao a mota engil português